Em continuidade ao assunto experiência e exercício da maternidade há que se recordar que é sob os olhos da terapia alternativa – saúde mental – que esse assunto é abordado desta maneira. Por isso a expressão ELABORAR O LUTO após o parto traz significados específicos.
Quando se menciona que há o luto da barriga, ainda que – para as mulheres que conseguirem – a barriga volte aquela aparência anterior, isso ocorre somente no aspecto físico, já que emocionalmente a gravidez tomou para si a barriga deixando uma marca tão profunda que a mulher perde o que era só seu (a barriga) para não mais recuperar. Deste modo é necessário que compreenda que a sua barriga nunca mais será sua exclusividade pois nela passou alguém.
Há a necessidade de elaborar o luto da identidade pois deixará de ser a pessoa na sua individualidade/identidade para tornar-se mãe, com o que PERDE algo que era exclusivo seu, ou seja, a identidade que lhe caracterizava como uma pessoa individual. Quando se menciona a necessidade deste luto é para evitar que essa mulher crie uma estranheza com referência ao próprio filho que lhe TIROU o que era sua característica pessoal. O fato é que a mulher precisa compreender que a escolha foi sua, ela é maior na hierarquia e ao exercer a função mãe precisa elaborar o luto da mulher individual e independente.
E por falar em independente, há também a necessidade de elaborar o LUTO DA INDEPENDÊNCIA, ou seja, essa mulher, até que o filho(a) assuma sua função de adulto, deverá COMPREENDER que “morrerá” para si mesma em muitos momentos de sua vida a favor da vida do seu bebê. Ela não deixará de ter sua independência, até porque isso é importante para a mulher por trás da mãe, contudo, na dúvida, a escolha é a favor da criança, considerando as necessidades e idade desta.
Mais, DEVERÁ elaborar o luto ao passar da função FILHA para a função MÃE. Sim, isso mesmo, precisa DEIXAR a sua mãe – mesmo que essa já tenha falecido – pois se tornou, agora, mãe de um bebê. Esse é um dos lutos mais difíceis de ser elaborado, pois a provável simbiose que ainda persista entre essa mulher e sua mãe fará que ela PRECISE ser “mimada”, socorrendo-se, na ordem prática, dela. O detalhe é que permanece filha nas necessidades de uma “criança”, quando, de fato, precissa assumir a função de mãe adulta. Em muitas situações é a avó quem dá o ritmo da criação fazendo com que a mãe torne-se, com o tempo, irmã do próprio filho pois perdeu a função mãe para a sua própria mãe. Essa é uma questão muito trabalhada pela terapia alternativa e não pode ser negligenciada.
Por tudo isso, e agora, finalizada mais esta etapa pois já há muito para se pensar se já aconteceu contigo ou está acontecendo, fazendo que tenha a necessidade de fazer um trabalho sistêmico familiar com a terapia alternativa.