Titanic: Rose e Jack, uma incursão no psicológico de Rose para construir sua identidade. Uma história de ficção.

Dificilmente alguém que tenha idade próxima dos 40 anos não assistiu ao filme Titanic. Todos os que assistiram têm que foi uma grande história de amor em meio ao trágico episódio do naufrágio do navio. O filme inseriu os personagens Rose e Jack como uma trama de ficção pois não se pode afirmar que os dois estiveram no navio. O fato é que a vida dos dois foi se ajustando de modo que cada um deles contribuiu para o crescimento de ambos.

O que aqui quero apresentar é uma maneira de ver a personagem Rose pelos olhos da terapia alternativa na sua visão da constelação familiar sistêmica. É passar uma linha de observação da necessidade do masculino em sua trajetória de vida para tomar as decisões necessárias para que tivesse, com tudo o que passou, o controle de sua vida. Lembrando que foi ela quem narrou o “acontecido”.

Certamente não vou estabelecer todo o contorno psicológico dela, mas chamar a atenção para um caminho de orientação terapêutica com que trabalho no meu espaço clínico.

Como vemos a garota até o primeiro encontro com Jack? Certamente uma menina controlada pela mãe e infeliz no seu noivado, que não podia se posicionar como alguém com vontade própria e que tinha que ser o projeto de pessoa que definiram para ela. Uma vez oprimida a tal ponto do suicídio ser uma solução. Eis um resumo para o que aqui esta sendo apresentado.

O masculino (Jack) como solução para a situação dela: Ele é aquele homem aventureiro, corajoso e que entrou no navio com passagem ganha em um jogo de poquer. Ele é a energia masculina necessária para o enfrentamento do problema. Assim é que no momento exato em que ela está para pular ele aparece “do nada e na hora certa”, evitando o salto para a morte. Eis a força do masculino, aquela que enfrenta as dificuldades e as supera.

A partir daí ela começa a enfrentar tudo e a todos pelo olhar e posicionamente do personagem Jack, que no jantar onde IMPOSSÍVEL ele estar presente pela diferença de nível social de ambos, não só expõe o quão LIVRE é a vida que tem, com o quão longe isso está da vida que ela leva. Neste ponto vale a pena chamar a atenção para a MÃE que tinha seus desejos pessoais, mas que em nome de uma situação adequada fazia o necessário para sobreviver, embora amargurada.

Por outro lado há o noivo, um homem próspero e que metodicamente tinha tudo planejado para eles e, em especial, para o destino de Rose. Ele tem tudo o que uma mulher PRECISA – junte ele com os pensamentos da mãe e teremos um cenário perfeito. Contudo não é esse o ponto de análise, pois nisso está, também, o mérito do homem provedor. É o que Rose desejava que conta, ou seja, uma liberdade para fazer coisas que não conseguiria fazer se permanecesse naquela situação.

Deste modo, no desenrolar da trama, ela vai a lugares e passa por situações das mais variadas, como o baile com os pobre dos deks inferiores, possa nua para uma ilustração e tem uma relação sexual antes do casamento. Aqui há um ponto a ser bem analisado, ou seja, quando ela tem a relação sexual com Jack abre mão do casamento porque não é mais virgem. Ela rejeitou o modelo. Ela quer viver com Jack.

Quando começa o naufrágio ela age como uma heroina ajudando pessoas, abrindo mão de sua segurança.

Então chegamos ao final, com a cena da pranha, ONDE JACK NÃO CABE, pois ela não precisa mais dele, conquistou tudo o que queria, independência e uma VIDA muito diferente, rejeitando o passado quando não menciona seu nome, sim acrescenta aquele que, enfim, lhe deu o que ela mais queria, LIBERDADE.